Newswise — ROCHESTER, Minnesota — Pesquisadores da Mayo Clinic que estudam a genética de pessoas que recentemente desenvolveram cardiomiopatia dilatada (uma das causas mais comuns de insuficiência cardíaca), descobriram um gene particular para o qual o desenvolvimento de futuros tratamentos de terapia medicamentosa poderá ser direcionado. A doença faz com que seja mais difícil para o ventrículo esquerdo do coração bombear sangue efetivamente para o resto do corpo. Neste primeiro estudo de associação genômica ampla, os pesquisadores procuraram entender o porquê de alguns pacientes melhoraram após o desenvolvimento do problema e outros não.

“Encontramos uma variação genética no gene CDCP1 (um gene sobre o qual ninguém tinha ouvido falar no âmbito da cardiologia) e a ligação dele com a melhora da função cardíaca nesses pacientes”, explica o autor líder Dr. Naveen Pereira, cardiologista da Mayo Clinic, que estuda a variação genética e suas implicações no diagnóstico e tratamento de doença cardiovascular, especificamente a insuficiência cardíaca.

A variação genética no gene CDCP1 pode levar a diferenças na estrutura da proteína, possivelmente influenciando a suscetibilidade da pessoa a várias doenças ou a sua resposta a terapias específicas.

Os pesquisadores identificaram e examinaram a função do gene CDCP1 devido à ligação desse gene com o aprimoramento do ventrículo esquerdo do coração para bombear sangue de forma eficaz em pessoas com cardiomiopatia dilatada. O gene CDCP1 é frequentemente expresso de forma variável em fibroblastos (tecido conjuntivo) de pessoas com esta condição. Além disso, a fibrose (excesso de tecido conjuntivo fibroso no coração) desempenha uma função essencial no prognóstico da doença.

O Dr. Pereira observa curiosamente que eles também descobriram uma variação genética no CDCP1 ou próximo a ele estava significativamente associada à morte por insuficiência cardíaca.

Eles também observaram que a diminuição da expressão desse gene no tecido conectivo do coração reduziu significativamente a proliferação de fibroblastos cardíacos e diminuiu a regulação do gene IL1RL1. Esse gene codifica um dos biomarcadores mais importantes de insuficiência cardíaca, o sST2. Níveis elevados deste biomarcador estão associados à fibrose e à morte; uma diminuição no CDCP1 diminui a expressão dessa proteína. O entendimento da regulação do sST2 e a sua relação com o gene CDCP1 e a fibrose é essencial para o desenvolvimento de estratégias com o objetivo de diminuir os efeitos adversos da insuficiência cardíaca.

O Dr. Pereira explica que essas descobertas levantam a possibilidade de direcionamento do gene CDCP1 para diminuir a fibrose cardíaca, o que pode melhorar a função cardíaca. O estudo, portanto, tem implicações para o desenvolvimento de novas terapias medicamentosas para a cardiomiopatia dilatada e outras condições possivelmente afetadas pela fibrose.

De acordo com um relatório da American Heart Association (Associação Cardíaca Americana), a insuficiência cardíaca é um diagnóstico comum que está aumentando nos Estados Unidos. Há uma projeção indicando que mais de 8 milhões de pessoas serão afetadas até 2030, um aumento de 46 por cento em relação ao momento atual.

Entre 30 e 40 por cento dos casos de insuficiência cardíaca ocorrem em decorrência de cardiomiopatia dilatada.

“É a causa mais comum de necessidade de transplante de coração”, explica o Dr. Pereira. “Um indicador chave para saber se os pacientes com cardiomiopatia dilatada irão se recuperar é se eles têm fibrose cardíaca.”

Com base nessas descobertas preliminares, os pesquisadores da Mayo estão realizando estudos complementares com animais para entender o efeito do CDCP1 na insuficiência cardíaca. Eles estão desenvolvendo moléculas para avaliar o potencial terapêutico para cardiomiopatia dilatada e insuficiência cardíaca.

“Ao continuar com esta pesquisa que começou com uma população humana que levamos para o laboratório molecular e agora com animais, esperamos encontrar novos caminhos para tratamentos que possam ser levados à população humana que estudamos, para melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida dos pacientes”, explica o Dr. Pereira.

Financiamento

O estudo foi financiado pelo Departamento de Medicina Cardiovascular e pelo Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic. Veja o estudo para obter uma lista completa de autores, divulgações e financiamento. 

Este artigo apareceu pela primeira vez no blog do Centro de Medicina Individualizada.

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